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Solilóquio: Quando um slogan diz mais que mil palavras

  • Foto do escritor: Algum Lucas
    Algum Lucas
  • 4 de mar. de 2024
  • 3 min de leitura

Sempre me impressiono com o quanto um mero slogan vale mais que todos os livros que já li na vida.


Já caí em todas as armadilhas de procrastinação que existem, e tenho certeza de que você já caiu em um bocado delas também. Mas, dentre todas elas, as mais perniciosas são as que te fazem sentir progresso sem progredir. São os planejamentos eternos, as pesquisas intermináveis, as otimizações de sistemas que tomam horas e não te levam a fazer o que você precisa fazer.


Quando eu dependia apenas de um caderno e lia sem saber bem de onde os livros vinham, o que representavam, as vidas de seus autores e autoras - nessa época eu produzia muito mais. E não é como se não escrevesse bastante hoje, mas perco muito do que poderia escrever planejando melhores maneiras de escrever, de anotar, de pesquisar. Otimizando a ferramenta x, agora a y, depois a z. E tudo, é claro, sempre com a certeza de que esse tempo gasto agora vai me poupar muito tempo no futuro. Mas quem faz bom uso do tempo que tem hoje, não precisa viver poupando tempo.


Aliado a isso, o êxtase inigualável de sentir que estou fazendo alguma coisa, quando em verdade não faço nada.


Planejar não é trabalho.


Ao menos não na medida em que o planejamento não equivale sequer a um primeiro rascunho. Extasiar-se no planejamento é sonhar, é só parte do processo que precede o acordar e perceber que o tempo se passou em sonhos e você não passa de um sonhador.

A empolgação só te leva até a porta.


O que vai te fazer escrever um livro não é ter a melhor ideia e o melhor planejamento, mas ter o livro escrito, para só então ser capaz de revisá-lo e aprimorá-lo. O melhor de todos pode até ser o que tem mais talento, mas o pódio vai sempre ter um espaço àquele que foi simplesmente o mais consistente. Consistência é tudo.


Portanto, vence quem não precisa nem ao menos repetir como mantra o famigerado slogan: Just do it - apenas faça. Só levante, sente, pare - e faça o que precisa ser feito.

A única constante entre tudo o que já foi feito é o fato de que tudo foi feito. E só.


As maiores obras da humanidade foram feitas, escritas e executadas sem aplicativos de notas, muito antes do computador e até da eletricidade terem sido inventados. Toda boa ideia que morreu ideia encontrou sua ruína no caminho entre o estalo e o ato.


E como ato de uma peça, ou seja, seus acontecimentos, é a ação que dita o resultado. O escritor que só lê e toma notas, não escreve; o atleta amador que só compra aparatos e ama o esporte mas não sua é mesmo apenas um amador. E só.


A palavra trabalhar vem do latim Tripaliare, que significa torturar. E o trabalho, curiosamente, é muitas vezes o que dá algum sentido à vida. Em algum momento é preciso fazer algum esforço.


Então, professo a mim mesmo o meu dogma e sigo com a certeza de que o prazer está nos dois extremos, na ideia e no acontecimento - e o abismo que os separa não é senão o fazer.


"Just do it."

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algum Lucas

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