Fábula #6 - Barganhas
Do Olimpo, aos que tantos elogios tecera, como resposta tivera apenas silêncio. Ingratos, pensara o Poeta. Resoluto, entretanto, fora precavido em relembrar o conto de Orfeu — do submundo não se consegue nada de graça, e lá o ouro é tamanho que só o sacrifício tem valor.
Adentra o império do rei das almas já a abrir mão de sua obra-prima — por ímpeto e pela arrogância de crer que outras virão. Cruza as terras por dias, do Estige aos campos Elísios e além. Nada. Solicita audiência com o ínfero Senhor pelo preço de seu primeiro sucesso — é aceito.
Ao penetrar a câmara dourada do deus, nota a opulência das ninfas que guarda em dourado e das prateleiras de livros, desenhos e esculturas que coleciona. Nem tem a chance de falar, e o deus impera: “A tua oferta é a do inseparável: tua Arte pela tua Musa.” Qualquer que tenha sido sua decisão, do Poeta nunca mais se ouviu falar — tamanha sua irrelevância.
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Até a próxima.
Algum Lucas.
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