Fábula #5 - Ícaro
O menino fora predestinado ao fracasso. Criado sob discursos de liberdade e criatividade, autoexpressão e com tudo o que havia de idiossincrático. Pelos feitos do pai, acabou numa masmorra. Antes tivesse sido este o fim.
Todos sabem o que se seguiu. Para tirá-los do buraco, do ostracismo social, o pai confecciona uma engenhoca capaz de dar-lhes asas. Dito e feito. No processo, entretanto, como bom pai, dera ao filho ferramentas em seu molde, que herdara do pai e, este, do avô e assim por diante.
Acontece que, afeito a protocolos, Dédalo nunca ousara quebrar o padrão, senão na criação do filho, que considerava sua maior obra de arte. O menino, porém, em meio a isto tudo, na rota de fuga performa manobra de honra ao pai, sua própria forma de expressar amor e gratidão. A confiar na proeza do pai, jamais imaginaria que o grande inventor limitaria o voo das peças ao mesmo patamar em que sempre voaram. Toda uma vida de fomento, para tão mundanas expectativas. Apenas uma demão de cola. Ícaro elevou-se, promissor, para a seguir despencar um ingrato.
Na busca de honrar o pai, humilhou-se.
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Algum Lucas.
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