Fábula #4 - Lobo

Fábula #4 - Lobo

Ao primeiro grito, todos acreditaram. “Eu sou lobo!” Correram a ajudá-lo, mas não passava de carneiro. Repetia o que sonhava ouvir da própria boca mansa.

No segundo grito, houve alguma hesitação, mas foram complacentes — apesar de, no fim, ser ainda mero carneiro, a brincar com fogo e com o tempo e a boa-fé dos outros. “Que bem lhe faria ser lobo e não carneiro ou ovelha como nós?” Perguntavam-se, um atrás do outro, a mesma coisa, até pegarem no sono.

Certa noite, muitos gritos no futuro, ele contava carneirinhos para poder adormecer. Insone, entretanto, os carneirinhos foram tantos que o seu lobo finalmente decidira aparecer. Banquete-massacre.

Na manhã seguinte, devorados os sonhos, juntou toda a sua força e gritou “Eu sou lobo!” Mesmo se viessem seria tarde demais. Devorou-se.

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Algum Lucas.