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Canícula - Um poema

  • Foto do escritor: Algum Lucas
    Algum Lucas
  • 30 de ago. de 2023
  • 1 min de leitura


Canícula


Quando até os pelos do corpo

me doem

e as horas derretem-se

em caldas de tempo

que não foi,

sei que poderia matar na praia

um árabe

ou aceitar a eternidade no inferno

gelado de Dante.

Nestas noites quentes,

os segundos ficam terceiros,

mais distantes,

e os quartos sequestram

as correntes de ar que me juravam

resgate.

Nesta sequência,

sei-me não mais em uma noite

quente

— sei-me no quinto dos infernos e, de repente,

me surge no horizonte o primeiro

raio de sol que me anuncia

a já impreterível derrota.




Algum Lucas, sempre com medo do verão que vem aí.

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2 Comments


Caroline Lacerda
Caroline Lacerda
Sep 09, 2023

Quem usava o termo 'canícula' era minha avó, que por acaso tinha pavor do verão, no final ela até acabou entrando em processo de negação com o negócio do verão e tal. Era janeiro ou fevereiro e ela de barrete e meias. Parece que esse poema interagiu com muitos sentimentos dela e dos paranaenses.

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Algum Lucas
Algum Lucas
Sep 09, 2023
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Pois é, essa palavra expressa perfeitamente meu desespero no verão paranaense (e a minha alma septuagenária também haha) Obrigado pelo comentário, Caroline! Um abraço!

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