É muito mais fácil ter soul quando a vida vai mal e se faz um monte de merda. Eu podia muito bem voltar a beber pra dormir como se já tivesse sido real e verdadeiramente insone. O fato é que, feliz, pareço buscar motivos para ter o que escrever, muito mais por mau hábito do que por necessidade. O que me interessa grande parte das vezes nem sequer compete ao âmbito emocional. Mas é difícil dirigir meu cérebro reptiliano à ação sobre o meu desejo quando é parte constituinte deste desejo uma generosa parcela de aceitação. E é, não há dúvida, mais fácil apelar aos “oh, ah!”s de um público adestrado a sentir pena e comiserar vazias histórias de superação ao invés de tomar apenas os que, como eu, já se encontravam à deriva. Minha escrita devém cada vez mais como as ondas do mar que, sucessivas mas reticentes, cíclicas mas incessantes, existirão sempre em função de levar aos náufragos do oceano de informações contemporâneo uma mensagem na garrafa.
Algum Lucas
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